quinta-feira, 14 de junho de 2007

Eleições CAHIS Luiza Mahin 4, 5 e 6 de outubro 2006

Educação Pública, São Lázaro e o “Pós-Cotas”


A Universidade brasileira respira uma nova conjuntura em sua maneira de tratar a questão racial. Historicamente a academia sempre foi um espaço da classe dominante, espaço usado por esta mesma elite para preservar seus interesses e sustentar seus privilégios. Nesse sentido, ela nunca teve como pauta principal a transformação social ou o atendimento das demandas de uma imensa parte da população que, na prática, a sustentava. Na contramão dessa maré, com a pressão dos movimentos sociais a universidade brasileira colocou na sua pauta o sistema de ações afirmativas. Em 2004, a UFBA adotou o vestibular com cotas raciais e sociais, bandeira levantada e conquistada pelo Movimento Negro.O novo sistema coloca na universidade uma parcela da população historicamente excluída da educação superior e que nitidamente tem cor: a cara é negra! Ocupar a Universidade, ocupar os espaços de poder, ocupar o papel de protagonista também, da história brasileira. Assim sendo, a partir da entrada de estudantes de baixa renda, o debate deixou de ser apenas teórico para assumir uma dimensão absolutamente concreta.

A pauta dentro da universidade passa agora para a manutenção desses estudantes dentro da sala de aula, através de uma política de assistência estudantil que possibilite o aluno cotista priorizar seus estudos. Passa pelo aumento de vagas na residência estudantil – já que a demanda aumentara nitidamente este ano a ponto de provocar uma enorme mobilização, com a ocupação da Farmácia-escola, obrigando a reitoria a discutir e agir pela assistência – e pela discussão de projetos que assistam os estudantes cotistas. Propomos buscar junto à direção do Colegiado, Dpto, FFCH, UFBA, Gráfica ou Editora Universitária formas de conseguir cotas de xerox para os estudantes contemplados pelas Ações Afirmativas. Defendemos também a criação da disciplina “Leitura de Texto Histórico”, já em discussão na reforma curricular, em atendimento a uma necessidade destes estudantes egressos da escola pública.

E onde entra São Lázaro nisso?

O nosso instituto tem uma das piores estruturas físicas da universidade. Uma biblioteca que funcione em tempo integral, o CPD aberto, bandejão a preços baixos são demandas facilmente observáveis por qualquer um que transitar pela faculdade. Mas para mudar tudo isso, é necessário que analisemos as dificuldades reais que emperram a nossa luta. Acontece que em 2006 observamos uma conjuntura absolutamente diferente no movimento estudantil da FFCH. Das cinco entidades de base de São Lázaro, apenas uma atuou plenamente nesse ano: justamente o Centro Acadêmico de História Luiza Mahin. Dessa forma a revitalização dos Da's e Ca's de São Lázaro deixa de ser apenas um dever de seus respectivos cursos, mas um objetivo de todas e todos que quiserem sem sectarismo conquistar melhorias pela faculdade. Nessa conjuntura é vital a participação de todos os estudantes, mesmo fora das entidades, nos debates, assembléias, reuniões de CA’s, etc, acumulando força nas reivindicações e contribuindo para a própria revitalização das entidades.

O grupo Atitude e Resistência tem atuado desde a sua formação no combate ao racismo e por uma universidade verdadeiramente democrática e popular: levantando a bandeira das cotas raciais e participando ativamente da sua implantação, debatendo o racismo dentro da universidade com a construção da 1ª Semana São Lázaro e Consciência Negra e, em 2006 priorizando em seus debates a assistência estudantil. A criação de uma secretaria específica de Combate ao Racismo responde a uma demanda não só da universidade, mas de toda a sociedade de pautar de forma prioritária a SUA questão racial.

Secretaria de Luta GLBTT

A abordagem da temática GLBTT é de grande importância no âmbito da academia, que de certa forma, ainda conserva o ranço da hipocrisia e das mentes pseudo-liberais, características herdadas da nossa sociedade. Desmistificar as dezenas de informações errôneas acerca do movimento GLBTT é uma postura defendida pelo grupo Atitude e Resistência desde o seu nascimento. O grupo não se intimida diante da pressão exercida pelos setores conservadores, sejam assumidos ou não. A importância de defender tal bandeira deve ser tão ressaltada quanto à defesa dos direitos da mulher, dos negros, dos estudantes ou trabalhadores.

Que a orientação sexual já foi encarada como determinismo biológico até distúrbios de ordem psíquica, não é nenhuma novidade. Felizmente, as lutas do movimento GLBTT e os grupos simpatizantes desmistificaram essa imagem para a maioria. O preconceito, entretanto, resiste, ao segregar, hostilizar e violentar àqueles que não se encaixam no padrão da heteronormatividade.

Nós do campo Atitude e Resistência, somos radicalmente contra quaisquer manifestações de preconceito. Demonstrando que este apoio não se limita à palavras vazias, o grupo realizou diversas atividades na luta contra a homofobia. Os debates realizados durante a Semana do Orgulho Gay, a articulação do Encontro Nacional Universitário da Diversidade Sexual (ENUDS) e as intervenções durante o Dia da Visibilidade Lésbica são exemplos de ações bem sucedidas do Atitude e Resistência sob a bandeira do movimento GLBTT.

Com o acúmulo de idéias e experiências do grupo, a antiga Secretaria de Combate às Opressões (criada na nossa gestão 2005-2006) deverá ser divididas em três secretarias distintas: de Combate ao Racismo, de Mulheres e de Luta GLBTT, a qual individualmente deverá aprofundar ainda mais o combate contra qualquer tipo de homofobia e fazer crescer os laços do grupo Atitude e Resistência com a bandeira GLBTT e com os seus ideais de liberdade e respeito entre todos nós.

Secretaria de Mulheres

Apesar das diversas conquistas do movimento feminista como o direito ao voto, inserção no mercado de trabalho, nós mulheres ainda recebemos menos que os homens, somos maioria no mercado informal, sofremos constantemente violência física e sexual; e a mídia nos impõe padrões estéticos inatingíveis.

O machismo persiste inclusive dentro da UFBA, onde nós somos maiorias entre os estudantes e minoria entre os professores e nos cargos de direção. No curso de história recentemente tivemos dois episódios que apontam para a persistência da opressão das mulheres dentro da universidade. No Encontro Nacional dos Estudantes de História (ENEH) de 2004, em Recife estudantes do Rio de Janeiro planejaram fazer a “FUDEH”, festa onde os participantes pagariam para ver o strip-tease de uma prostituta e concorreriam a uma noite com a mesma; no ano passado, no ENEH de Aracaju, alunos da UFAL (Universidade Federal de Alagoas) colocaram na porta do seu alojamento a foto de uma mulher nua.

Justamente por isso, a participação das mulheres no curso, nos debates, nas assembléias, chapas de CA, DCE e nos demais espaços políticos e acadêmicos são indispensáveis. A luta das mulheres dentro da universidade não se resume apenas a assistência à maternidade.

O grupo Atitude e Resistência sempre atuou na luta das mulheres, participando dos GD’s de gênero nos ENEH´s e EREH’s, debates no Dia da Mulher com uma edição especial do Artesanal, encontros de mulheres e realizando em 2006 o 1º mini-curso de formação de gênero. Nós entendemos que discutir sobre as opressões sofridas pelas mulheres é necessário para que alcancemos a igualdade de direitos e oportunidades e o respeito às diferenças entre os sexos. Acreditamos que com a criação da Secretaria de Mulheres no CAHIS Luiza Mahin, a nossa luta terá mais espaço dentro do curso.


Eleições CAHIS Luiza Mahin 4, 5 e 6 de outubro