quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Rapidinhas

Lembra daquele vídeo sobre aborto "vai pensando aí"?
Pois é, lançaram um site interativo com o mesmo tema. Pensa aí e deixe sua opinião lá.

Esse mesmo instituto que lançou o vídeo, o IPAS, produz uma revista eletrônica mensal de ótima qualidade. Nesse mês tem um relatório sobre as mulheres processadas pela prática do aborto em Mato Grosso do Sul, tem um Dossiê sobre a situação do aborto inseguro na Bahia e outras discussões necessárias.

Ainda sobre o aborto aqui vai o trailler de um documentário chamado Fim do Silêncio, ele traz depoimentos de várias mulheres que passaram por essa experiência.




Bom proveito.

Dez conselhos para os militantes de esquerda


Pois bem, Feliz Ano Novo a todos, se preparem pra luta e vamos juntos com firmeza. E também com a tal da ternura ; )
Aqui vão nossos (de frei Betto) votos.

1. Mantenha viva a indignação.

Verifique periodicamente se você é mesmo de esquerda. Adote o critério de Norberto Bobbio: a direita considera a desigualdade social tão natural quanto a diferença entre o dia e a noite. A esquerda a encara como uma aberração a ser erradicada.

Cuidado: você pode estar contaminado pelo vírus social-democrata, cujos principais sintomas são usar métodos de direita para obter conquistas de esquerda e, em caso de conflito, desagradar aos pequenos para não ficar mal com os grandes.

2. A cabeça pensa onde os pés pisam.

Não dá para ser de esquerda sem "sujar" os sapatos lá onde o povo vive, luta, sofre, alegra-se e celebra suas crenças e vitórias. Teoria sem prática é fazer o jogo da direita.

3. Não se envergonhe de acreditar no socialismo.

O escândalo da Inquisição não faz os cristãos abandonarem os valores e as propostas do Evangelho. Do mesmo modo, o fracasso do socialismo no Leste europeu não deve induzi-lo a descartar o socialismo do horizonte da história humana.

O capitalismo, vigente há 200 anos, fracassou para a maioria da população mundial. Hoje, somos 6 bilhões de habitantes. Segundo o Banco Mundial, 2,8 bilhões sobrevivem com menos de US$ 2 por dia. E 1,2 bilhão, com menos de US$ 1 por dia. A globalização da miséria só não é maior graças ao socialismo chinês que, malgrado seus erros, assegura alimentação, saúde e educação a 1,2 bilhão de pessoas.

4. Seja crítico sem perder a autocrítica.

Muitos militantes de esquerda mudam de lado quando começam a catar piolho em cabeça de alfinete. Preteridos do poder, tornam-se amargos e acusam os seus companheiros (as) de erros e vacilações. Como diz Jesus, vêem o cisco no olho do outro, mas não a trave no próprio olho. Nem se engajam para melhorar as coisas. Ficam como meros espectadores e juízes e, aos poucos, são cooptados pelo sistema.

Autocrítica não é só admitir os próprios erros. É admitir ser criticado pelos (as) companheiros (as).

5. Saiba a diferença entre militante e "militonto".

"Militonto" é aquele que se gaba de estar em tudo, participar de todos os eventos e movimentos, atuar em todas as frentes. Sua linguagem é repleta de chavões e os efeitos de sua ação são superficiais.

O militante aprofunda seus vínculos com o povo, estuda, reflete, medita; qualifica-se numa determinada forma e área de atuação ou atividade, valoriza os vínculos orgânicos e os projetos comunitários.

6. Seja rigoroso na ética da militância.

A esquerda age por princípios. A direita, por interesses. Um militante de esquerda pode perder tudo: a liberdade, o emprego, a vida. Menos a moral. Ao desmoralizar-se, desmoraliza a causa que defende e encarna. Presta um inestimável serviço à direita.

Há pelegos disfarçados de militante de esquerda. É o sujeito que se engaja visando, em primeiro lugar, sua ascensão ao poder. Em nome de uma causa coletiva, busca primeiro seu interesse pessoal.

O verdadeiro militante, como Jesus, Gandhi, Che Guevara, é um servidor, disposto a dar a própria vida para que outros tenham vida. Não se sente humilhado por não estar no poder, ou orgulhoso ao estar. Ele não se confunde com a função que ocupa.

7. Alimente-se na tradição da esquerda.

É preciso oração para cultivar a fé, carinho para nutrir o amor do casal, “voltar às fontes" para manter acesa a mística da militância. Conheça a história da esquerda, leia (auto)biografias, como o "Diário do Che na Bolívia", e romances como "A Mãe", de Gorki, ou "As Vinhas de Ira", de Steinbeck.

8. Prefira o risco de errar com os pobres a ter a pretensão de acertar sem eles.

Conviver com os pobres não é fácil. Primeiro, há a tendência de idealizá-los. Depois, descobre-se que entre eles há os mesmos vícios encontrados nas demais classes sociais. Eles não são melhores nem piores que os demais seres humanos. A diferença é que são pobres, ou seja, pessoas privadas injusta e involuntariamente dos bens essenciais à vida digna. Por isso, estamos ao lado deles. Por uma questão de justiça.

Um militante de esquerda jamais negocia os direitos dos pobres e sabe aprender com eles.

9. Defenda sempre o oprimido, ainda que, aparentemente, ele não tenha razão.

São tantos os sofrimentos dos pobres do mundo que não se pode esperar deles atitudes que nem sempre aparecem na vida daqueles que tiveram uma educação refinada.

Em todos os setores da sociedade há corruptos e bandidos. A diferença é que, na elite, a corrupção se faz com a proteção da lei e os bandidos são defendidos por mecanismos econômicos sofisticados, que permitem que um especulador leve uma nação inteira à penúria.

A vida é o dom maior de Deus. A existência da pobreza clama aos céus. Não espere jamais ser compreendido por quem favorece a opressão dos pobres.

10. Faça da oração um antídoto contra a alienação.

Orar é deixar-se questionar pelo Espírito de Deus. Muitas vezes, deixamos de rezar para não ouvir o apelo divino que exige a nossa conversão, isto é, a mudança de rumo na vida. Falamos como militantes e vivemos como burgueses, acomodados ou na cômoda posição de juízes de quem luta.

Orar é permitir que Deus subverta a nossa existência, ensinando-nos a amar, assim como Jesus amava, libertadoramente.

Frei Betto

Feliz 2009, companheirada!

sábado, 27 de dezembro de 2008

A dor da gente saiu no jornal

Se Chico Mendes fosse vivo, certamente estaria na internet divulgando suas idéias e pedindo apoio à causa da floresta amazônica e das populações tradicionais e extrativistas que nela vivem. Ele tinha consciência aguda do papel da mídia para o movimento social. Se mais pessoas soubessem o que acontecia lá no Acre, se tivessem oportunidade de conhecer o pensamento dos seringueiros, talvez houvesse mais apoio para evitar que o dano irreversível acontecesse, com a derrubada da floresta.

Na época, a maior parte da imprensa de Rio Branco era muito hostil. Na maioria das vezes, Chico era tratado como intransigente inimigo do progresso, enquanto a situação real mostrava acelerada destruição ambiental e o deslocamento massivo de trabalhadores extrativistas para a periferia das cidades.

Chico procurava jornalistas que poderiam ter abertura para divulgar nosso lado, entender a resistência à motoserra, sensibilizar pessoas do Acre e de fora. Visitava redações, escrevia cartas e as levava pessoalmente. Eu achava aquilo muito constrangedor e me doía quando os jornais soltavam notinhas tripudiando.

No final de 1988 me preparava para ir a São Paulo tentar um tratamento contra a hepatite B. Antes de viajar, passei alguns dias em Xapuri, hospedada na casa do Chico, como sempre fazia quando estava lá. Ainda me emociono quando penso na nossa relação de amizade, confiança e fraternidade. Naquela casa tão pequena, de um único quarto, eu era abrigada num colchonete no chão, junto das crianças, ao lado da cama de Chico e de Ilzamar. Na maioria das vezes, na verdade, quem ia para o chão era o Chico e eu e Ilza ganhávamos o conforto da cama.

Na minha partida para Rio Branco, de onde seguiria para São Paulo, ele foi me acompanhar até a rodoviária. Fomos caminhando pela rua e puxou uma conversa triste e angustiante: "Desta vez não tem mais jeito. Acho que os cabras vão me pegar". Tentei achar uma saída: "Por que você não fala com o pessoal lá de Rio Branco pra denunciar nos jornais?". Ele respondeu de uma tal forma que me fez perceber o quanto estava desanimado e encurralado: "Não adianta, eles dizem que estou me fazendo de vítima, que quero posar de mártir pra me promover. Tem até jornalista que faz piada". Continuamos andando num silêncio que nenhum dos dois sabia como romper. Senti que ele estava perdendo as esperanças na insistente militância para dar visibilidade ao movimento seringueiro e buscar aliados.

Fora do Acre tínhamos algum oxigênio. Os amigos ambientalistas e admiradores do Chico denunciavam, acionavam as autoridades federais, mas no estado o ambiente institucional era de violência e desmando, misturado a interesses que viam a derrubada da floresta e sua transformação em pastos e fazendas como a forma mais rápida de lucrar com a "colonização" da Amazônia.

Cheguei a São Paulo, fiquei na casa de parentes, em Ribeirão Pires. No dia 22 de dezembro de 88, fui à primeira consulta com o naturopata Adauto Vilhena e saí bem animada. Às dez da noite, o Gilson, primo de meu marido Fábio, ligou de Rio Branco: "Marina, fica calma". Eu respondi: "Mataram o Chico Mendes". Ele perguntou: "Como é que você sabe?". Desliguei o telefone porque não conseguia dizer mais nada.

Fábio e eu demoramos a conseguir dinheiro para as passagens de volta, mas ainda chegamos a tempo de assistir a missa de sétimo dia. A notícia tinha saído na primeira página do New York Times e o colunista Tom Wicker dissera que os tiros que mataram o Chico eram "disparos contra toda a humanidade". Só então a mídia brasileira despertou para a importância do fato e para o significado daquele seringueiro e de sua luta. Os telefones do PT e do sindicato não paravam de tocar. Eram jornalistas do país inteiro - além da mídia estrangeira - querendo informações sobre o Chico. Tudo se passou como um movimento especular. Só quando nos vimos refletidos no espelho do mundo desenvolvido é que reconhecemos quem nos era de enorme valor.

Se não tivesse saído no New York Times, se não tivesse chegado a Rio Branco uma comissão de parlamentares americanos liderada por Al Gore, para se solidarizar com o movimento seringueiro e a família de Chico, talvez a morte dele tivesse sido apenas mais uma no rol dos assassinatos de lideranças de movimentos sociais que eram - e continuam sendo - rotina sinistra na Amazônia. No próprio Acre, Wilson Pinheiro, a maior liderança extrativista antes de Chico, também foi assassinado. E assim como ele, Ivair Higino, Calado, Elias, e tantos outros.

Com Chico foi diferente talvez por circunstâncias históricas, mas muito porque ele tinha um jeito único de entender o movimento. Sempre como ponte para uma aliança, sempre como forma de atrair diferentes pensamentos e experiências, desde que convergissem no essencial, nos valores. Nisso, foi além de seu tempo. De homem simples, introspectivo, pensativo, transformou-se numa referência impregnada em tudo o que aconteceu depois em termos da relação da sociedade com a proteção ambiental e do significado da Amazônia e de seus povos para o Brasil e para o mundo.

É incrível como temos dificuldade de reconhecer nossos próprios tesouros até que alguém nos diga: "isso não é pedra, é ouro." Primeiro um olho externo vê e nós nos vemos através dele. O bom é que, 20 anos depois, parece que temos nossas próprias lentes sobre a Amazônia, o Cerrado, a Mata Atlântica e todos os nossos biomas. Respeitamos mais as populações tradicionais, temos mais convicção sobre a importância do Brasil e sabemos que somos uma potência ambiental. Não é o suficiente para revertermos distorções históricas, mas já é um bom começo.

E Chico Mendes antecipou essa visão ao perceber que, na Amazônia, o caminho correto estava na junção da luta por uma sociedade mais justa com a defesa do meio ambiente e do uso respeitoso dos recursos naturais. Ele conseguiu viver e sintetizar dois mundos que naquela época pareciam ter pouco a ver um com o outro: o do movimento social de esquerda, focado na luta sindical pela reforma agrária, e o do ambientalismo, com sua visão global de processos ecológicos e de proteção dos ecossistemas.

O Chico foi apropriado pela sua causa, assim como Luther King, Gandhi, Mandela o foram pelas suas. E todos tiveram em comum a capacidade de escancarar novas maneiras de ser e de agir, projetando o futuro na prática. Acredito em valores morais e universais e também que eles são objeto de descoberta tanto quanto as fórmulas científicas. Só que são descobertos em nosso coração em primeiro lugar, depois vêm para a razão.

As pessoas que fazem a diferença no mundo são aquelas que se orientam pelo coração e por valores, não aquelas que simplesmente fazem coisas. Sem isso, ninguém suportaria trinta e tantos anos em uma cadeia, como o Mandela, e sairia de lá íntegro, pronto para retomar a sua luta. E certamente também foi por algo muito maior que Chico Mendes recusou o convite para refugiar-se nos Estados Unidos como forma de se proteger das ameaças de morte. Ele respondeu que seu lugar era "com os companheiros".

Os assassinos de Chico Mendes pretendiam desconstituir o movimento social, dar o tiro de misericórdia na resistência dos seringueiros, acabar com as incipientes tentativas de proteger a integridade da floresta. Não deu certo. Vinte anos depois, Chico continua "com os companheiros", que carregam em si os ensinamentos e os valores do seu grande líder e os espalham por onde passam, nas suas ações, na suas vidas, nos seus sonhos.


Marina Silva é historiadora, senadora pelo PT do Acre e ex-ministra do Meio Ambiente.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

sábado, 13 de dezembro de 2008

Yo no digo "What the fuck?!", digo "Oxente!"... Cabron!!!

Nos últimos dez anos a América Latina pode vivenciar a chegada de setores progressistas e de esquerda aos governos de diversos países do nosso subcontinente. A política aplicada por esses governos rompe em grande medida com a lógica neoliberal e pró-imperialista adotada até então nesses países e se volta para a integração continental, rejeitando a ALCA (Área de Livre Comércio das Américas), fortalecendo o Mercosul (com a entrada da Venezuela como país associado), construindo a ALBA (Alternativa Bolivariana para as Américas, constituída por Venezuela, Cuba, Bolívia, Nicarágua,Dominica e Honduras, com a possibilidade de entrada do Equador e São Vicente e Granadinas), criando a Unasul (União de Nações Sul-Americanas), a pretenção de criação do Banco do Sul, etc.

É nesse sentido que estará acontecendo quatro cúpulas de chefes de Estado e de governo de países da América Latina e do Caribe na Costa do Sauípe apartir do dia 15 deste mês.

Nos dias 16 e 17, ocorrerá a I Cúpula da América Latina e do Caribe sobre Integração e Desenvolvimento (Calc). Está é a primeira vez que chefes de Estados de toda América Latina e Caribe se reúnem num só evento sem terem sido chamados por uma entidade externa.

No dia 15, a 36ª Cúpula do Mercosul vai reunir Brasil, Paraguai, Argentina, Uruguai e Venezuela, países membros, além de Chile, Bolívia, Cuba e México, convidados. Antecedendo a Cúpula do Mercosul, o Foro Consultivo de Cidades e Regiões do Mercosul se reúne, sob a presidência do governador Jaques Wagner.

O Grupo do Rio, criado em 1984 para buscar soluções diplomáticas aos conflitos nas Américas, reúne os 18 países integrantes na Bahia para recepcionar Cuba, seu mais novo integrante.

E a Unasul reunirá todos os países da América do Sul para debater a crise econômica.

Além das quatro cúpulas de chefes de Estado e de governo, estarão ocorrendo aqui em Salvador nesse fim de semana, 13 e 14, no Centro de Convenções, a Cúpula dos Povos Latino-Americanos, onde representantes de movimentos sociais da América Latina e Caribe se reúnem para discutir diversos temas como meio ambiente, direitos humanos, segurança alimentar, etc. para formar a base da Declaração dos Povos da América Latina e Caribe, que será encaminhada aos Chefes de Estado reunidos na Costa do Sauípe.

Dias 14 e 15, acontece a Cúpula Social do Mercosul, no Hotel Pestana.

Dia 15, na reitoria da UFBA, se reúne a Cúpula Sindical da América Latina (Encontro das Centrais Sindicais), em torno do tema "Integração Produtiva e Trabalho Decente", que culminará com uma marcha até a Praça Municipal.

E finalmente, dias 15 e 16 haverá o Encontro dos Partidos de Esquerda do Cone Sul, em local ainda a ser definido.

E viva la Integración...mas com sotaque baiano!!!

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Vai pensando aí.

Tá aqui um vídeo curtinho - tem só 34 segundos- que pode e deve
te deixar pensando por bastante tempo.
Ele foi produzido pelo IPAS, uma ONG internacional,
no Brasil há 34 anos, que atua com o objetivo de
reduzir o número de mortes associados a abortamentos;

expandir a capacidade da mulher no exercício de seus
direitos de natureza sexual e reprodutiva; e melhorar
as condições
de acesso a serviços de saúde associados
à reprodução,
inclusive aos serviços de abortamento
legal em condições
adequadas.

ó o sítio: www.ipas.org.br

ó o vídeo:
V

Balanço da Gestão 2007-2008

Um ano se passa...e estamos no mesmo lugar!



Nos próximos dias, o curso de História atravessará mais um processo eleitoral. Novamente, diferentes projetos e propostas serão postos em debate. Em 2007, a chapa Voz Ativa venceu as eleições e dirigiu o Centro Acadêmico até esse ano. Para nós, é hora do acerto de contas, da crítica; necessário agora fazer um balanço do movimento estudantil de história, só assim não transformaremos em regra, os erros cometidos pela atual gestão. Tempos ruins, são a melhor hora para reflexão.

Quando fizemos parte do C. A., até 2007, temos certeza que contribuímos muito para o movimento estudantil de São Lázaro, no entanto, também enfrentamos problemas e acumulamos muito desgaste. Através da crítica da nossa atuação, o "Voz Ativa" ganhou a eleição, prometendo democracia na entidade e independência política. Na nossa opinião, a última gestão do C.A foi incapaz de cumprir o que propôs, na verdade, o que vimos foi uma gestão apagada, distante, incapaz de representar os estudantes.

Percebemos dois problemas principais, o primeiro é do ponto de vista organizativo. Poucos imaginariam que a política de comunicação do C.A fosse tão falha. Não vimos sequer um jornal Artesanal; o Circuladô, antes de edição semanal, foi visto pouquíssimas vezes pelo pátio da faculdade; as passagens em sala foram pouquíssimas, nesse semestre, quase nenhuma. O debate setorial (LGBT, reparação racial, mulheres) que tanto avançamos em nossas gestões ficou absolutamente parado, se restringindo a um mural que poucos leram.

E a nossa faculdade? São Lázaro continua a nos oferecer péssimas condições de estudo, vimos o fórum de DA's e CA's - principal espaço de organização dos estudantes da FFCH - se desarticular completamente e se tornar ainda mais estranho aos estudantes. A biblioteca voltou encerrar expediente ás 14h, quando antes fechava às 16h; o preço do restaurante aumentou novamente; e o plano de segurança da faculdade tem sido implementado sem que seja discutido com a comunidade universitária.

Mas temos aqui muito mais de que um problema de gestão, na raiz de tudo, há um erro de concepção, portanto, político. Democratizar a entidade é muito mais do que tomar decisões em assembléia, uma gestão tem de ter opinião, ter cara própria, tem de expor aquilo que pensa mesmo que surjam divergências; mas é preciso estimular o debate, não é o que vimos no último período. Ao contrário, vimos uma gestão sem projeto e anti-democrática, onde estavam as decisões tiradas em assembléia? O curso foi consultado sobre o ENADE? O que o Centro Acadêmico votou nos conselhos de entidades de base? Estatutariamente o C.A. deve ter reuniões ordinárias, quantas vezes o C.A. se reuniu nesse ano? Três ou quatro. E o episódio das eleições para representantes estudantis? O Centro Acadêmico lançou carta apoiando alguns estudantes, e preterindo outros, exemplo de aparelhamento.

Todos sabem que o PSTU fez parte da última gestão, sabem também das divergências históricas que temos com eles. Mas será o PSTU o culpado por todos os erros da gestão "Voz Ativa"? Não. O pecado original foi a forma despolitizada com que a chapa foi construída e se legitimou perante os estudantes; a mesma facilidade encontrada para criticar gestões passadas não se viu para construir algo propositivo para o curso; conduzir uma gestão de Centro Acadêmico é mais difícil do que parece, e é preciso muito mais do que boa vontade para fazer movimento estudantil. Só isso explica a fragmentação do grupo. De certo, que o PSTU muitas vezes tentou implementar sua política sem a devida consulta aos estudantes, mas todos que participaram do “Voz Ativa” são igualmente responsáveis pelos seus erros. Se o PSTU errou é porque deixaram ele errar, a indiferença, na política como na vida, é o mesmo que cumplicidade.

Em 2007, muitos acreditaram que ser mais ou menos "independente", garantiria uma gestão democrática, não foi isso que aconteceu. Na verdade, se tiramos uma lição disso é que não vamos resolver os problemas do movimento estudantil com saídas fáceis. O que precisamos é rediscutir a fundo nossos métodos, precisamos aguçar nosso espírito crítico e ter capacidade de entender que soluções reais não caem do céu, ou brotam da terra; mas sim, com planejamento e auto-crítica.

Bem vindas(os) ao debate.

Atitude e Resistência é... Emily Laurentino (2006); Marcelo Tuk, Rafael Pedral, Rodrigo Itororó, Filipe Lorenzo (2007); Eliane Gonzaga “Ane”, Alan Passos, Ana Raquel Cerqueira, Emanuela Santos, Darlan Gomes, Breno Ferreira, Caroline Copque (2008); Igor Costa, Caio Fernandes, Carolina Mendonça, Adalbério Ipirá,Eduardo Ribeiro, Ediana Mendes, Kleidiane Santiago (2005)

Esse é o primeiro dos textos da nossa campanha para a eleição do centro acadêmico de história Luiza Mahin - gestão 2008-2009. Aos poucos publicaremos todos os textos dessa campanha.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Maria da Penha na Revista TPM

Além de publicar textos de nossa autoria, também vamos divulgar matérias, entrevistas, vídeos e qualquer outra informação que achemos interessantes ou mesmo imprescindíveis pra luta de todo dia.

Esta entrevista é uma das imprescindíveis, justamente por que a entrevistada também o é. Se voce não sabe por que Maria da Penha é nome de lei, não deixe de ler. Se sabe, aproveite para reciclar a admiração e a vontade de lutar obstinadamente, sobretudo lutar obstinadamente para mudar o mundo para mudar a vida das mulheres.

Pode começar.





aria da Penha tem sono pesado. Capota e só acorda no dia seguinte. Na madrugada de 29 de maio de 1983, porém, teve seu repouso interrompido pelo pior pesadelo da vida. “Acordei de repente com um forte estampido dentro do quarto. Abri os olhos. Não vi ninguém. Tentei me mexer. Não consegui. Imediatamente fechei os olhos e um só pensamento me ocorreu: ‘Meu Deus, o Marco me matou com um tiro’. Um gosto estranho de metal se fez sentir forte na minha boca, enquanto um borbulhamento nas costas me deixou perplexa.” Entre desmaios e devaneios, a mulher, então com 38 anos, tinha momentos de consciência. Por mais que estivesse acostumada com os gritos, as explosões de fúria e os empurrões do marido, Penha custava a acreditar que fora alvejada por um tiro de espingarda disparado pelo homem que escolheu para ser pai de suas três filhas (na época com 6, 5 e 1 ano e 8 meses). Não concebia tamanha covardia. “Quando os vizinhos chegaram ao meu quarto, demoraram a perceber o ferimento, pois eu estava de costas, com o sangue escorrendo no colchão.” Para acobertar sua intenção diabólica de assassinar a própria mulher em pleno sono, Marco se fantasiou de vítima de um suposto assalto: rasgou o pijama, pôs uma corda no pescoço e disse para a polícia que havia sido atacado por uns bandidos. O teatro não funcionou. Mas a verdade demorou, demorou quase 20 anos a aparecer e levar o economista e professor universitário colombiano Marco Antonio Heredia Viveros para onde devia estar há tanto tempo: atrás das grades.

Os quatro meses seguintes após a tentativa de homicídio foram de cirurgias em hospitais de Fortaleza, onde Penha nasceu, e de Brasília. Maria da Penha Maia Fernandes, farmacêutica bioquímica formada pela Universidade Federal do Ceará e mestre em parasitologia pela USP, resistiu firme, mas sua vida não seria mais a mesma. “Após vários exames, chegou a hora da avaliação que diria se eu ia voltar a andar ou não. Como profissional da saúde, antevia o fatídico diagnóstico. Como paciente, ousava sonhar, pedir aos meus santos... Enfim, declararam: nunca mais andaria.” De volta para casa, na cadeira de rodas, Penha ainda teve que fazer força para escapar de outra atrocidade do marido: ele tentou eletrocutá-la embaixo do chuveiro. Marco, então, foi embora para ficar com uma amante no Rio Grande do Norte.

Ela mudou a história
E Penha transformou sua existência na luta pelos direitos das mulheres que sofrem com a violência doméstica. Em 2001, conseguiu que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) condenasse o Brasil por negligência e omissão pela demora na punição do marido. Daí a semente para que, em 2006, o presidente Lula sancionasse a lei 11.340, a lei Maria da Penha, que cria mecanismos para coibir a violência familiar contra a mulher e prevê que os agressores sejam presos em flagrante ou tenham prisão preventiva decretada. Além disso, aumenta a pena máxima de um para três anos de detenção e acaba com o pagamento de cestas básicas , como acontecia anteriormente com os agressores. Hoje, Penha é colaboradora de honra da Coordenadoria de Mulher da Prefeitura de Fortaleza, dá palestras em faculdades e recebe homenagens por todo o país. Ela acredita que o ex-marido viva no Rio Grande do Norte. Em um sábado de sol e calor (será que algum dia faz frio em Fortaleza?), Maria da Penha recebeu, em casa, a reportagem da Tpm para lembrar dos dias mais dramáticos e dos mais felizes de seus 63 anos.



Revista TPM - Novembro 2008

Leia a Entrevista na íntegra neste endereço: http://revistatpm.uol.com.br/82/vermelhas/home.htm

quarta-feira, 23 de abril de 2008

muitos de nós+ alguns agregados bem vindos

6 Anos do Grupo Atitude e Resistência - Construindo a Luta, Fazendo a História



Em 2008, muita coisa anda fazendo aniversário. A imprensa, com fogos e confete, celebrou os 200 anos da chegada da família Real no Brasil. Bem menos lembrada, há 120 anos atrás, foi declarada a abolição da escravatura.

Nós, aqui no curso, também temos algo a comemorar. Em 22 de abril, completamos 6 anos da criação do grupo “Atitude e Resistência”. E com ele, o aniversário da refundação do Centro Acadêmico Luiza Mahin, que à época, ainda não tinha esse nome.

Este grupo começou a ser construído em 2002. Naqueles tempos, não existia uma gestão organizada do Centro Acadêmico (C.A.), não existia estatuto do curso, e principalmente, toda a cultura política de movimento estudantil aqui havia se perdido. Dessa forma, alguns calouros formaram uma chapa e conquistaram legitimidade para coordenar o C.A., pondo em prática um projeto de reconstrução do movimento estudantil do curso. Processo amadurecido nesses seis anos.

De certo, muita água já rolou debaixo dessa ponte. Participamos ao todo de quatro gestões (a ultima em 2006/2007) e duas Comissões provisórias. Vimos duas greves, várias ocupações de reitoria e movimentos de rua que pararam a cidade. Temos orgulho de dizer, que ontem lutamos pela aprovação das ações afirmativas na UFBA, e hoje lutamos pela permanência dos estudantes e a consolidação desse processo.

Estamos entre aqueles e aquelas que acreditam que a universidade deve ser socialmente referenciada; deve servir muito além dos seus muros, e que é fundamental nos articularmos com os movimentos sociais. Somente a partir daí, poderemos pensar na construção de uma outra hegemonia na sociedade.

Nesse sentido, São Lázaro deu avanços importantes nos últimos anos. A política de Combate às opressões que existe hoje no movimento estudantil da UFBA, sem dúvida, teve no Grupo “Atitude e Resistência” um de seus maiores aliados; enquanto Centro Acadêmico realizamos semanas de Orgulho Glbtt, de Consciência Negra e da Mulher; além de inúmeras intervenções dentro e fora da universidade em defesa destes setores.

Da mesma forma, o curso de História conseguiu várias vitórias em outros territórios. A política de comunicação diminuiu o espaço entre a entidade e os estudantes, graças às edições do nosso jornal Artesanal e do semanal Circuladô. Em 2006, construímos o São Lázaro em Movimento, um estado de mobilização permanente com intuito de lutar por uma melhor estrutura física na faculdade. Na área acadêmica, realizamos a “I Semana de História: reflexões sobre Historiografia, Teoria e Métodos da História”; também organizamos em Salvador o XIX EREH – N/Ne, o maior Encontro Regional de História dos últimos anos. É fato, em toda trajetória existem tropeços. Não fugimos deles, defendemos nossa memória assumindo erros e acertos. Mas resta em nós a certeza dos que lutaram, o orgulho de ter vivido.

Depois de tantas cicatrizes, podemos dizer que somos muito diferentes, todos aqueles que fundaram o grupo já se formaram - escolheram seus novos caminhos; muitos outros entraram, ressignificando dia-a-dia nossas experiências. Nunca esquecemos daquilo que fizemos - a autocrítica é a base que não nos deixa tirar os pés do chão. Mas ainda somos mesmos, goste ou não, lutamos pelas mesmas coisas, defendemos as mesmas lutas, não abdicaremos, um só instante, de incomodar quando tudo parece calmo, de desconfiar daquilo que é mais trivial. Bem, desejamos um grande abraço aos que fizeram a nossa História, aos que não desistiram. E para tod@s que ainda estão por vir, sejam bem vind@s, há ainda muito por fazer.

Atitude e Resistência é: Itororó, Lorenzo, Paulo Roberto, Rafael Pedral e Tuk (2007); Emily (2006); Andréa, Caio, Carol, Dudu, Ediana, Elisa, Igor Costa, Ipirá, Kleydiane, Michael e Rafael Lins (2005); Igor Almeida e Obede (2004); Gabriel e Leonardo (2003); Júlio e Vítor (2002); Alex, Aline, Daniel, Denise, Flávia, Jan, Lacerda, Milena, Pedro e Wesley (2001).

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Sobre Pedras e Vidraças



Balanço da Eleição para Representantes Estudantis de História

Nos dias 9 e 10 de abril foram realizadas eleições para a Representação Estudantil de História dos Órgãos Colegiados. São eles: Departamento, Colegiado e Congregação. Nós do “Atitude e Resistência”, grupo formado há quase seis anos, sempre construímos a Representação Estudantil (independente de dirigir o Centro Acadêmico) e foi o que fizemos novamente este ano. No entanto, algumas situações diferenciadas ocorridas tornaram imprescindível a divulgação dessa nota pública.

No processo de eleição, assistimos a um festival de erros cometidos pela Comissão Eleitoral escolhida pela Coordenação Executiva do Centro Acadêmico. Essa comissão, não lançou o edital de abertura do processo eleitoral na lista de e-mails do curso, nem nos murais da faculdade ou em passagens em sala; sem qualquer diálogo, adiou a data limite tirada em assembléia para a inscrição d@s cantidat@s; e, como se não bastasse, resumiu a divulgação do processo a um cartaz onde sequer consta a especificação de que as eleições em andamento são para @s estudantes de História, e não para qualquer outro curso. Por último, o debate que aconteceria nessa terça-feira (08/04), acabou não sendo realizado, justamente por falta de divulgação (a Comissão Eleitoral se restringiu a uma passagem em sala relâmpago na véspera do debate e a um informe na lista às 17 horas do mesmo dia); uma perda para tod@s que prezam pela discussão política qualificada. Para nós, não restam dúvidas de que o debate não aconteceu porque a atual gestão do Centro Acadêmico fez a consciente opção pela desmobilização.

No entanto, esses fatos acima descritos ainda não são o que de mais grave aconteceu no processo eleitoral. No seu material de campanha, o grupo que hoje dirige o C.A., divulgou quais os nomes que supostamente o CAHIS apoiara, sem que isso tenha sido aprovado em qualquer instância deliberativa, ou ao menos ter refletido se é papel de uma entidade de base apoiar ou preterir um/uma estudante, seja quem ele/ela for. Acontece que nossos colegas não entenderam uma questão fundamental para qualquer militante do movimento social: a diferença entre grupo e entidade. Enquanto estudante ou grupo político, qualquer um pode manifestar sua opinião acerca de qualquer coisa (o grupo Voz Ativa pode apoiar quem quiser); no entanto, uma entidade tem o dever de representar
tod@s @s estudantes e jamais ter preferências.

Embora respeitemos aqueles e aquelas que escolheram este grupo para dirigir o C.A. e de mantermos a postura de construir, disputar e em hipótese alguma deslegitimar a nossa entidade, é nosso papel reinvidicar nossos direitos e denunciar qualquer abuso.
Em verdade companheir@s, é muito mais fácil ser pedra do que vidraça. Aqueles que sempre se reinvidicaram democráticos e donos da ética, que denunciam em belos gritos de guerra a burocracia e o aparelhamento das entidades, basta tomarem um espaço, mesmo que pequeno, para reproduzirem as mesmas práticas que tanto questionam.

Grupo “Atitude e Resistência”

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Eleição de Representantes Estudantis



Lugar de estudante é...?

Vivemos o momento de refletir qual o papel do estudante dentro da
universidade. Cada espaço da instituição nos diz respeito; por vezes
não diretamente. A oportunidade de nos fazer representar também no
espaço institucional da faculdade deve ser visto com a oportunidade
de podermos disputar a sua transformação.

Mas o que é essa representação estudantil nos órgãos colegiados?

O Colegiado é o fórum que reúne representantes de professores de acordo com a sua área de estudo e mais três representantes estudantis, são discutidas questões fundamentais para os discentes, como jubilamento, quebra de pré-requisito e matrícula. É uma garantia de podermos intervir na relação mais institucional do estudante com a Universidade. É onde podemos propor a criação de novas matérias de acordo com nossas demandas. No Departamento, espaço que reúne todos os professores de História e quatro estudantes, são abordados temas relativos diretamente ao corpo docente como: afastamentos para pesquisa ou pós-doutorado, novos concursos, progressão de carreira e outros. A proposta de reestruturação da universidade apresentada no último ano foi pauta das reuniões de Departamento. Podemos nesse espaço garantir que seja construída uma avaliação docente no nosso curso para a melhoria do seu aproveitamento. Outra instância é a Congregação; assim como cada unidade de ensino da universidade; a reunião da Congregação de FFCH é a maior instância deliberativa da faculdade. Nesse espaço se reúnem a direção da faculdade, representantes dos colegiados, departamentos, programas de pós- graduação, funcionários e estudantes, discutindo temas que envolvem a faculdade como plano de gestão, estatuto e finanças. As discussões mais acirradas sobre o programa de reestruturação da universidade ocorrida no último semestre foram tema da Congregação. A representação estudantil de história atuou em intenso combate à falta de democracia instalada na universidade no episódio da ocupação da reitoria (exigindo a revogação do Conselho Universitário fraudado que aprovou o Plano de Reestruturação da Ufba no dia 19/10), à forma irresponsável com que a Reitoria tratou e tem tratado a discussão dessa reestruturação, na defesa da luta política travada pela comunidade estudantil no último período e pela garantia de que nossa faculdade amplie seus espaços de discussão, transformando em ocasião a reunião da Congregação, por exigência nossa, em um espaço aberto à comunidade de FFCH.

O grupo "Atitude e Resistência" sempre participou das eleições para representantes estudantis; desde 2002, construímos uma sólida intervenção na defesa da universidade, defendendo questões como assistência estudantil e reforma curricular. A representação estudantil deve atuar na defesa de nossa faculdade não só como espaço de produção intelectual, mas como espaço de construção política que contribua para melhoria da nossa universidade. É fundamental percebermos que toda a discussão colocada no último período gira em torno de que universidade nós queremos. O espaço institucional deve ser ocupado também por nós estudantes para garantir que integremos as nossas pautas na construção de nossa universidade.

Debate dos candidatos à Congregação – 8 de Abril, às 11 horas, na Sala 08 da FFCH

Eleições para Representação Estudantil nos Órgãos Colegiados – Dias 9 e 10 de Abril

ATITUDE E RESISTÊNCIA VOTA:

Congregação: Dudu (2005); Departamento: Fernanda (2007),
Rodrigo "Itororó" (2007) e Emily (2006); Colegiado: Rafael Pedral
(2007) e Andréa (2005).

sexta-feira, 21 de março de 2008

Boas Vindas e vamos em frente.


Calouros e Calouras!!!

Eis que vem o dia da Matricula! A cerimônia do fim dessa longa jornada tortuosa e o inicio de um novo ciclo, cheio de surpresas e novos desafio. O próximo período é o da euforia, da descoberta de colegas que muitas vez se tornam amigos pra uma vida inteira. Trocar experiências, conhecer os veteranos, conhecer o curso, conhecer pessoas de outros cursos, mas principalmente se conhecer.

Todos que aqui estão com seus documentos pra fazer esse ritual têm seu mérito e sua vitoriosa Historia pessoal, mas grandes poderes trazem responsabilidades de tamanho igual, sendo esta uma universidade publica, é ainda privilegio de poucos, esperamos que o compromisso que vocês tenham seja não só com a UFBA, mas para além dos muros que a cercam.

A Universidade tem passado por processos de mudanças importantes, e nós, estudantes, somos protagonistas importantes nesse processo, somos nós que trazemos a novidade para estas velhas estruturas, somos quem questionamos o velho, somos aqueles que dizem o que deve ser mudado.

È pensando nisso que construímos um grupo político e passamos á atuar no curso de História, para tentar mudar o que nos incomoda, lutar por uma Universidade emancipadora, mais justa, com garantia da assistência estudantil, restaurante universitário, biblioteca funcionando em período integral, e outras estruturas que garantam a permanência dos alunos, é fundamental permitir que o estudante possa usufruir deste mundo que é a Universidade. Lutamos por uma instituição de ensino onde a sociedade esteja representada no seu corpo docente, discente, técnicos administrativos, e também no currículo, um lugar em que todos tenham as mesmas oportunidades. Uma Universidade aberta e viva no dialogo constante com a comunidade que a circunda e com os movimentos sociais, que discutam questões centrais como a opressão contra as Mulheres, a Reparação Racial, a Diversidade sexual ou seja, uma Universidade Democrática e Popular.

Sejam bem vindos
Saudações!!

ATITUDE e RESISTENCIA.
http://atituderesistencia.blogspot.com/

Por isso o negro lutou!


Um 20 de novembro às escuras...

A universidade brasileira tem se constituído historicamente como um espaço de formação de uma elite branca. Desde a sua concepção espistemiológica; lócus da construção de um conhecimento eurocêntrico, racista, que não reconhece as contribuições da matriz africana como formadora da sociedade. A Universidade tem tentado se recriar para não mudar.

A luta de negros e negras pelo acesso a Universidade é a luta de negros e negras pela transformação da sociedade. A aprovação do programa de ações afirmativas na UFBA de 2004 é o exemplo da orça política que a comunidade negra trem dentro e fora da sociedade. Enfrentando a resistência de diversos setores, inclusive no movimento estudantil, a força negra convenceu a universidade da urgência da democratização do acesso. Hoje passados três anos exigimos o aprofundamento do programa aprovado em 2004 conseguimos garantir o acesso através do sistema de cotas, precisamos retomar o programa e incidir em suas outras problemáticas: a preparação, a permanência e a pós-permanência.


A Universidade Federal da Bahia deve estender as ações afirmativas também a pós-graduação. O aceso a produção de conhecimento continua restrito a uma população branca que ocupa os mestrados e doutorados contra menos de 1% de negros/as. A Universidade deve instrumentalizar a população negra que tem acesso a graduação como garantia de transformação do conhecimento e democratização do acesso também aos espaços de poder de fora da Universidade.

A contratação de docentes e servidores na Universidade deve levar em conta a composição racial da nossa sociedade.

Devemos exigir da Universidade a criação de uma pró-reitoria que garanta o aprofundamento das políticas afirmativas na universidade – desvinculado da pró-reitoria de assistência estudantil: ações afirmativas é mais do que a permanência do estudante na Universidade!

Barrar a reestruturação proposta na UFBA deve ser uma tarefa imediata a nova proposta de universidade ataca diretamente a população negra no acesso ao conhecimento profissional a formação em duas etapas segregará mais uma vez o acesso ao conhecimento. A universidade não oferece igualdade de oportunidades durante a graduação: não só se tratarmos de assistência estudantil. Levemos em conta a afetação que o racismo já produz, em suas formas individual, material ou institucional e reserva lugar de privilégio, material ou simbólico, aos grupos raciais dominantes. Essa reformulação de acesso não garantirá a equação da oportunidade a população negra. Além disso, a expansão das vagas sem a expansão e democratização da pesquisa reduzirá a inda mais a participação de negros e negras.

Neste dia 20 de novembro, data simbólica da luta pela emancipação do povo negro, lutadores e lutadoras de dentro e fora da universidade, são conclamados a pensar na UFBA mais negra!

“Todos os dias são dias de consciência negra”


Sobre o Reuni

ATITUDE & RESISTÊNCIA CHAPA 1 Eleições2007
Construindo a Luta, Fazendo a História

Na defesa da universidade pública brasileira

A luta política em torno do projeto de universidade tem se acirrado desde o lançamento do decreto 6.096, de abril deste ano, REUNI (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais). Se por um lado, percebemos os interesses conservadores utilizar-se do programa para seus projetos de precarização do ensino e formação de mão-de-obra barata para o mercado, do outro está a confusão dos que utilizam-se do programa para fazer palanque político de interesses partidários para obstruir quaisquer projeto que não sejam os seus – é o que tem causado enorme dificuldade em compreender cada ponto do programa e gerado afirmações equivocadas e superficiais. Esses discursos não tem conseguido atrair a comunidade universitária para rediscutir o seu projeto de universidade, promover um diagnóstico responsável sobre cada necessidade de cada IFES (Instituição Federal de Ensino Superior) e aproveitar a conjuntura para incorporar um debate propositivo dentro das universidades. As situações de enfretamento, sobretudo do setor estudantil, decorrem da própria necessidade de se ampliar o debate sobre quaisquer projetos de mudança na universidade e instrumento de afirmação de bandeiras históricas dentro destes.

Nossa bandeira histórica de expansão de vagas nas universidades públicas precisa ser reafirmada, na luta por reformas estruturais no ensino superior público. O movimento estudantil deve retomar uma postura propositiva no debate da educação, que erga a bandeira da universidade popular, com nossas demandas históricas e afirmação de um projeto indissociável das demandas dos movimentos sociais.

O REUNI, por si só, é insuficiente para as necessidades que a educação superior no Brasil apresenta. Além do mais, o movimento estudantil deve manter a sua postura de criticidade e combatividade em relação a ausência de diálogo com o movimento educacional na elaboração do programa e o estabelecimento de prazos que limitam a possibilidade de um diagnóstico preciso, limitam o nosso poder de intervenção no processo dentro das universidades e tem promovido adesões mal formuladas e projetos que de fato, precarizam o ensino superior, como é o caso das diplomações intermediárias (como o Bacharelado Interdisciplinar).

O movimento estudantil deve continuar se mobilizando, combatendo a reforma conservadora e precarizada da universidade, na ocupação de reitorias, no enfrentamento nas ruas, reafirmando nossas bandeiras, na defesa radical da universidade pública.

O grupo Atitude e Resistência tem a avaliação de que apesar de apresentar avanços em relação às últimas propostas de reformulação do ensino superior, o REUNI não dá conta por si só de imprimir um novo modelo de expansão da universidade que garanta a expansão de vagas com a garantia da qualidade de ensino. As metas de 90% de conclusão e da relação professor aluno para 1/18 devem ser questionadas. A expansão da universidade pública não pode estar vinculada a tais metas, quando estas não partem de um diagnóstico responsável da necessidade e potencialidade de cada IFES.

Devemos afirmar as nossas pautas históricas dentro de qualquer projeto de reformulação da universidade: indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, assistência estudantil como política estruturante, mais verbas públicas para as universidades públicas, democratização do acesso, fim do vestibular. O movimento estudantil precisa ser elemento ativo no processo de reformulação da universidade. Por isso, devemos exigir que se estenda os prazos para melhor discussão do programa, articulação do movimento educacional para intervenção no programa, maior possibilidade de um debate profundo dentro das universidades, que repensem a educação superior brasileira.

O REUNI prevê o investimento de 7,2bilhões de reais para financiar os planos apresentados pelas universidades, aprovadas em seus próprios conselhos superiores. Deste montante, 2bi seriam para investimento e custeio (compra de equipamentos, construção e reformas de prédios) e 5,2bi para contratação de pessoal e despesas adicionais que sejam previstas nos projetos. O investimento será alocado na decorrência de cinco anos, que é o prazo apresentado para a finalização do projeto. Ao final do prazo, a UFBA receberá aproximadamente 280milhões a mais. Mas o que a verba garante?

Se por um lado, temos um investimento na educação pública, este vem atrelado a metas que não respondem a possibilidade das universidades, exigindo-se uma expansão de vagas da ordem de 50%, sem garantia de garantia de qualidade na docência, já que o programa apresenta a possibilidade de contratação de docentes com carga horária reduzida, sem afirmar uma reformulação estrutural das ações de assistência estudantil, e abre a possibilidade de reformulações curriculares que precarizem a qualidade do ensino.

O significado de cada ocupação de reitoria que hoje se estende em algumas universidades do Brasil reflete o acirramento no debate sobre projeto de educação superior. Neste cenário, o movimento estudantil mostra-se mais uma vez como o setor mais combativo, na afirmação de suas bandeiras e na ofensiva contra as forças conservadoras dentro das universidades. Na UFBA, a ocupação já dura 39 dias. O grupo Atitude e Resistência compreendendo a importância de unificar o movimento estudantil e impedir a adesão da UFBA ao REUNI, em um processo ilegítimo, ilegal e autoritário da reitoria, vem construindo a ocupação desde a assembléia do dia 18, quando o movimento estudantil da UFBA tirou a sua pauta política de ser contra o REUNI e estabeleceu como fato político de enfrentamento a ocupação da reitoria (reconhecendo como legítima a ocupação anterior). O acúmulo de força social suficiente para enfrentar a reitoria e os demais setores conservadores da universidade e apresentar a pauta do movimento estudantil só nos será permitida através da unidade do movimento, denunciando os setores que tem atuado contra o movimento estudantil, operando pelo divisionismo, deslegitimando as entidades de forma oportunista, da compreensão que as entidades estudantis tem papel fundamental no diálogo com o corpo estudantil e na mobilização da universidade em torno da rediscussão de seu projeto de educação.


ATITUDE & RESISTÊNCIA CHAPA 1
Construindo a Luta, Fazendo a História



Atitude e Resistência: Construindo a luta, fazendo a história. CHAPA 1.
Itororó, Lorenzo, Marcelo Tuk, Rafael Pedral, Paulo Roberto (2007), Emily (2006),Dudu, Carol, Ediana, Kleidiane, Ipirá e Caio (2005), e Gabriel (2003)

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Assitência Estudantil

ATITUDE &
RESISTÊNCIA eleições 2007
Construindo a Luta, Fazendo a História

A assistência estudantil deve ser política estruturante dentro da universidade, como forma de permitir a permanência do/a estudantes e promover a iniciativa discente na produção acadêmica. Hoje na UFBA não existe um plano de assistência estudantil, que parta de um diagnóstico responsável sobre a situação do/a estudante na universidade e as dificuldade para a sua manutenção. A necessidade de se aprofundar o debate sobre a permanência tornou-se ainda mais urgente a partir do momento em que as políticas de ações afirmativas foram aprovadas na nossa universidade e um setor maior da camada popular tem conseguido ingressar.

O grupo Atitude e Resistência sempre defendeu a bandeira da assistência estudantil como uma política fundamental a ser desenvolvida na universidade.

O programa de ações afirmativas da UFBA já tinha incluso um ponto sobre a permanência, no entanto a universidade ainda não se propôs a fazer esse debate. O que nós exigimos é a aplicação do programa de ações afirmativas por inteiro, não garantindo apenas o acesso. Qualquer política de assistência estudantil dentro da universidade deve garantir o recorte racial, que dê suporte aos/às estudantes cotistas.

Em FFCH, a falta de CPD, o preço caro da alimentação, o preço da xérox, tudo isso reflete de maneira sensível na condição do/a estudante em se manter estudando. Assim, como a dificuldade de acesso a bolsas de pesquisa, que permitam que o/a estudante possa permanecer e produzir academicamente.

Estamos propondo um GT que debata democratização das bolsas de iniciação científica, e proponha a faculdade mecanismos de garantir acesso a produção acadêmica. Em conjunto com as coordenadorias dos programas de permanência e de bolsas que existem na universidade pensar tais mecanismos.

A falta de restaurante universitário na universidade nos coloca em situação ainda pior ante o abuso do valor da alimentação em nosso campus. Discutir a viabilização de um restaurante em FFCH com preço popular.

A defesa radical da universidade pública é a defesa radical de uma assistência estudantil de qualidade.

Devemos exigir a abertura imediata do CPD.
Atendimento da biblioteca em tempo integral. Para tal, relocação de funcionário.
Democratização das bolsas de iniciação científica.
Ações afirmativas por inteiro.

Atitude e Resistência: Construindo a luta, fazendo a história. CHAPA 1.
Itororó, Lorenzo, Marcelo Tuk, Rafael Pedral, Paulo Roberto (2007), Emily (2006),Dudu, Carol, Ediana, Kleidiane, Ipirá e Caio (2005), e Gabriel (2003)


ATITUDE e RESISTENCIA.
http://atituderesistencia.blogspot.com/