sexta-feira, 19 de junho de 2009

CONUNE x CNE

De 15 a 19 de julho, a União Nacional dos Estudantes realizará seu 51º Congresso na cidade de Brasília. Em todas as universidades do Brasil, milhares de estudantes se organizam para a tiragem de delegados/as que irão representar cada uma dessas instituições. Na Ufba não foi diferente, e com um total de 2655 votantes, elege os seus 26 delegados/as.

Este CONUNE deve ser encarado como um espaço importante para discutir os rumos da educação brasileira em tempos de expansão e reestruturação das Universidades, crise do capitalismo, e às vésperas de um ano eleitoral decisivo para a vida dos/das trabalhadores/as. Portanto, a UNE pode e deve exercer o papel de articular nacionalmente as lutas estudantis e ser protagonista nas lutas sociais no próximo período.

A UNE tem mais de 70 anos de história de lutas, como na campanha do “Petróleo é Nosso”, na construção dos projetos de reformas de base do governo João Goulart, nas Diretas Já, no Fora Collor. Infelizmente, o grupo que está à frente da nossa entidade há mais de quinze anos, a União da Juventude Socialista (UJS) e aliados, fez a opção de dirigir a entidade de forma cada vez mais institucionalizada, conciliatória, defensiva, antidemocrática e afastada da sua base. Isso num cenário de avanço das políticas neoliberais nos anos 90 e o conseqüente descenso das lutas sociais como um todo, faz com que a UNE seja cada vez menos reconhecida como entidade representativa por sua base social, os estudantes.

Frente a esta situação, em 2004, um setor minoritário do movimento estudantil, encabeçado pela Juventude do PSTU, faz a opção de romper com a UNE e propor a criação de uma nova entidade. Em sua primeira tentativa, cria a Coordenação Nacional de Lutas Estudantis (CONLUTE), com sua baixa adesão, transforma a tentativa de entidade em agrupamento político que iria construir a Frente de Lutas Contra a Reforma Universitária, outra frente de atuação por fora da UNE que também falha. Com a falência das duas experiências, resolvem construir um Congresso Nacional de Estudantes (CNE), também com o objetivo de dali se criar uma nova entidade nacional em alternativa à UNE.

Há inúmeros motivos para as articulações nacionais por fora da UNE terem dado errado: seu sectarismo, a forma maniqueísta de se tratar a questão, a partidarização do problema, a ilusória avaliação de que a base dos estudantes clamavam por uma nova direção.

Porém, diante disso, a Juventude do PSTU junto com outros setores optam por construir o CNE de forma ainda mais despolitizada. Ao convocar um congresso de estudantes sem proclamar o rompimento com a UNE tentam claramente atrair setores que ainda disputam a entidade. Colocam as ocupações de reitorias de 2007 como paradigmas para a construção de um congresso para articular essas lutas, sem considerar a existência e o papel da UNE como entidade de frente única que teria o papel de fazê-lo. Ainda que a própria UNE não se faça existir nos momentos mais importantes de luta dos/as estudantes, não fazer o debate real sobre seus problemas é não fazer o debate real da crise do movimento estudantil.

Ainda que todas as teses inscritas no CNE apontem para a suposta “falência” da UNE e a necessidade do rompimento com esta, esse debate sequer é feito na base dos estudantes nas suas tiragens de delegados, colocando o CNE como produto “natural” das mobilizações dos últimos anos.

Qualquer entidade, ou outro tipo de espaço de articulação nacional feita nesses moldes, sem fazer o debate real da crise do movimento estudantil na base, sem maniqueísmos ou ilusões, está fadada ao fracasso.

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