domingo, 22 de novembro de 2009

Luiza Mahin de Volta às Lutas do Povo Negro!


Todo dia é dia da consciência negra, porque todo dia é dia de lembrarmos das lutas, levantes, revoltas, fugas, resistências ou negociações dos negros escravos, livres e libertos, que encontraram uma maneira de brigar pela sua liberdade, de buscar na esperança e na garra, o orgulho de vencer preconceitos e racismos cotidianos. 

Dia 20 de novembro não é somente dia de lembrar Zumbi, mais de todos e todas, do passado e do presente, que fez e faz malabarismos em busca de oportunidades, de igualdade, de reconhecimento da sua própria identidade e pertencimento racial tão dissolvido dentro da mentalidade de democracia racial e mestiçagem ainda fortes em nossa sociedade.

Falar de consciência negra é falar de Luiza Mahin, mulher negra batalhadora que cujo o nome prestigia mais ainda o nosso Centro Acadêmico, que tem entre uma das funções a continuidade da luta pela liberdade, liberdade essa não mais aprisionada pelas algemas que machucam o corpo, mas algemas que agridem a alma e a mente.

E como não falar de consciência negra sem falar da importância do nosso CAHIS e dessa nova gestão que iniciamos. Ganhar a eleição do Luiza Mahin um dia antes do dia da consciência negra, para nós do ATITUDE E RESISTENCIA, além de ser muito simbólico para a própria proposta de nossa gestão, nos remete a fazer uma breve analise da importância do centro acadêmico, do curso e da nossa própria formação enquanto professores e bacharéis de história. 

Para nós, ganhar a eleição depois de dois anos sem gestão e ter como principal argumento da oposição e agora antiga gestão, a acusação de que nossa pauta política se resumia somente à questão racial, de mulheres e LGBT, ao contrário do que muitos pensam, é sinal de orgulho. Isso significa um reconhecimento muito grande, significa que temos cara e temos voz. Somos aquelas e aqueles que sempre assumimos e defendemos um posicionamento no curso, sem recuar e sem medo de receber as conseqüências por isso.


Falar do dia da consciência negra é defender sempre as cotas raciais, é defender o curso noturno, que tem como maioria dos estudantes negros e negras, que outrora teriam dificuldade de cursar história no diurno, pois deles dependem o sustento da família, homens e mulheres que precisam trabalhar e estudar ao mesmo tempo, não para angariar um pouco de dinheiro a mais, mas porque desse trabalho depende a sua própria condição de freqüentar ou não a faculdade. É a garantia de mulheres e homens negros, antes com mínimas chances de adentrarem a universidade pública diante da concorrência desleal com os alunos brancos e classe média das escolas particulares. 

Mais do que isso, é pensar que a maioria da população negra neste país tem baixíssimos índices de escolaridade se comparados com as crianças e adolescentes brancos, até mesmo os brancos pobres, que tem mais chance de ascensão social do que os negros, porque apesar de serem pobres, o mercado de trabalho os absorvem mais facilmente do que os negros, porque o racismo no Brasil se comporta de forma perversa e subjetiva. 

Falar da questão racial em nosso curso é falar sobre as mulheres negras que não querem estar sujeitas as mais sutis formas de sexismo prevalecentes no Brasil. Falar de consciência negra é reivindicar e defender uma historiografia que não utilize de argumentos segregacionistas para a manutenção de uma mentalidade escravista .

Pensar sobre consciência negra é reivindicar um currículo menos eurocêntrico ou no mínimos mais livre para que os estudantes construam suas disciplinas sem muita imposição das obrigatoriedades curriculares.

É um conhecimento maior em história da África e da própria Ásia. E principalmente, a garantia de uma formação em licenciatura correlata com as necessidades escolares, porque falar de negras e negros, mulheres, lésbicas, gays e todo tipo de liberdade da expressão de sua orientação sexual é estarmos exercitando no dia-a-dia, dentro da convivência universitária, o exercício e o conhecimento de respeito as diferenças, diferenças estas que estarão em sala de aula. 

Porque nenhum aluno negro deve ser privado de conhecer a história do seu povo, suas negociações e resistências cotidianas na busca da liberdade. Nenhuma mulher deve ser privada do domínio do próprio corpo e ser rechaçada por professores, colegas e toda sociedade em geral, nenhuma mulher deve ser violentada verbalmente e fisicamente. Nenhum homossexual deve ser violado no exercício da sua livre orientação sexual. 

É por tudo isso que nós do ATITUDE E RESISTENCIA temos muito orgulho de sermos classificados como aqueles e aquelas que reivindicam um movimento estudantil que não compactue com a mentalidade racista, machista e homofóbica, e que isso não seja defendido somente nas bonitas palavras proferidas pelos militantes estudantis, mas que estes se reflitam nos espaços acadêmicos, no currículo do nosso curso, na própria formação de nossos licenciados e bacharéis de História.

Emanuela dos Santos "Manu" é estudante de História de 2008, militante do Atitude & Resistência

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