domingo, 13 de maio de 2007

Histórico-2005


E a luta não pára...

Chovia na tarde daquele dia... Éramos onze recrém ingressos na universidade, e ainda nos norteando naqueles novos espaços. Alguns de nós decidimos, dias antes, em conversa informal, porém esperançosa, formar uma chapa para concorrer e ocupar(literalmente) o Centro Académico do curso de história. Sua j simples sala encontrava-se vazia e os membros da chapa anterior se desarticularam por completo, sobrando apenas dois. Mais tarde, nos serviram de apresentadores do nosso novo espaço.

Mas voltemos àqueles que desejavam preencher o centro académico. Concluíram, após longas conversas, que queriam formar uma chapa e foram convidando mais alguns, utilizando como parâmetros para esta escolha referências muito próprias daquele momento histórico, por assim dizer. Quase todas aquelas garotas e rapazes eram inexperientes em entidades representativas, ainda se entendendo ( e aproximando) ao político espaço da universidade. Não possuíam nenhum currículo prévio de militância, nem uma definição clara daquilo que queriam fazer. Mas um sentimento nos unia, além da amizade: a vontade de mudar o cenário de completa falta de referência de movimento estudantil no curso, de uma entidade capaz minimamente de poder dizer "eu existo".

Assim aglutinados, ocupamos o espaço do CA e organizamos uma Van para o EREH daquele ano (2002). Ainda não éramos gestão, mas estudantes em movimento. Deste momento em diante não paramos mais. Fizemos, logo após, um pleito eleitoral de verdade e então pudemos nos empossar democraticamente (numa assepsia bem própria da palavra). Era dia vinte dois dei abril de 2002. A gestão "fazendo a história acontecer", nome duramente  escolhido entre "sua participação muda a história", que até hoje não sabemos exatamente o por que escolhemos o primeiro, começava sua história.

Cumprimos naquele ano tudo a que nos propusemos e ainda ganhamos, e isso achamos que sempre se ganha, muita experiência de vida e de UFBA. Das realizações da gestão, há uma que merece crédito maior. Ainda no tempo da apresentação dos nossos veteranos ao CA, fomos incitados a fazer uma tarefa, que segundo palavras do antigo membro, era uma tarefa que, se realizada, "estaria [a gestão] de bom tamanho, ou melhor, ótimo tamanho...(risos)"... Era o Estatuto, corpo regimental que dá ordem a entidade. Mas não é que fizemos?!! Mas nesse fazer, podemos até reclamar ao gênero feminino a exclusividade de parir alguma coisa. Foram nove árduos meses. Nesse processo realizamos inúmeras assembleias, as quase famigeradas "assembleias estatuintes". Foi tanto trabalho, que findado o dia 22 de abril de 2003, ou seja, um ano depois, era preciso ainda muitas assembléias para termina-lo. Decidimos, então, continuar como uma comissão gestora, com fim exclusivo de terminar o futuro, rebento, e poder dai realizar uma nova eleição. Lá se foram mais assembleias, com direito a tensões, sorrisos e muitas "gulozinhas", bolachas "poka-zoio" e vinho na derradeira. E terminamos. Era possível fazer uma nova eleição.

Mas o mundo São Lazarino, e por que não do curso, mudou muito nesse tempo. Tínhamos recepcionado duas turmas de calouros (foram mais duas turmas depois). Mostramos que aquele curso possuía entidade e que essa referencia já não mais podia ser de fato ignorada. O curso tinha ganhado, e contribuímos muito para isto, uma outra dinâmica de movimentação estudantil.

Mas nem tudo foram flores para aquelas garotas e rapazes reunidos em 2002. Alguns dos seus membros, por forças maiores, tomaram uma postura diferente daquela que nos mantinha unidos. Pensavam o movimento, e isso se refletia nas suas ações e práticas, de forma diversa em muitos pontos daquele grupo que se formara. Preferiram sair, montar uma outra chapa. Os que permaneceram, decidiram tentar montar uma chapa no intuito de continuar a prática e incluir novos projetos para o curso. Passada a eleição, nos sagramos Coordenação Executiva do CA por mais um ano. Foi uma gestão conturbada e perpassada por uma greve de quase quatro meses. Um ano letivo de atuação política e acadêmica em tempos de Reforma Universitária, greve de estudantes, amor ou ódio à Partidos políticos, crise no DCE e construção do Congresso da UFBa.

Os novos membros decidiram se somar por construírem uma percepção, e isso vale para todo estudante, que naquele grupo havia um projeto de movimentação estudantil, de prática cotidiana, uma postura frente ao curso, de diálogo e compreensão da alteridade, entre causas e gasto de energia por lutas essenciais como a garantia da Universidade pública e de qualidade. É um aspecto que transcende a qualquer tentativa de controle dos membros da chapa, e desmonta aqueles partidários ou anti-partidários da política de canto, ou eufemicamente chamada 'política de convencimento', baseada em inflamados discursos ao pé do ouvido (e pouca prática). A construção dessa percepção, que ao nosso ver, alicerçou nossas gestões, permanece e tende a permanecer. Não é gratuita e pairando num mundo das ideias, pois reflete uma prática de movimento estudantil preservada por nosso grupo.

     Não queremos, é bom deixar claro, nos mostrar como depositários do que há de melhor, do modelo ideal de movimentação estudantil. Contudo, nos orgulhamos daquilo que construímos e ainda pretendemos construir. O grupo, que é produtor e resultado dessa prática, e possuidor de uma visão (no sentido amplo) de universidade, permanece com seus membros, e como já afirmamos, somando-se sempre a novos. Tal qual foi na ultima gestão, esse processo de renovação é constante e necessário uma vez que novos membros trazem novas e oportunas contribuições. Desta forma, para aqueles que, com sua participação mudaram a história do curso e agora seguiram outros rumos, se despedem com a sensação de contribuição para a construção daquilo que entendemos uma Universidade mais digna e humana. E para os(as) novos(as), sejam bem vindos(as) e boa Luta.

Documento oficial tio Grupo Atitude e Resistência Gestão "Fazendo a História acontecer..." e "Pra continuar fazendo a
História acontecer..."
Daniel, Wesley, Denise, Aline, Pedro, Flávia, Alex, Lacerda (2001), Vitor, Júlio (2002). Gabriel. Leonardo (2003)

Nenhum comentário: