sábado, 19 de maio de 2007

Apresentação-2006

“ATITUDE E RESISTÊNCIA”

    O campo “Atitude e Resistência” é um grupo da esquerda do curso de História da UFBA e que hoje ocupa a Coordenação Executiva do Centro Acadêmico Luiza Mahin. Nossa militância teve início ainda em 2002, quando estudantes ainda calouros decidiram por organizar uma chapa e concorrer ao Centro Acadêmico. Naqueles tempos, o curso se encontrava bastante desmobilizado, no CA restavam como referência apenas dois estudantes já próximos da formatura, tentando incentivar a participação dos alunos na política estudantil. Nesse contexto, organizava-se o “Atitude e Resistência”, formado exclusivamente por estudantes recém-ingressos na Universidade, que, inscrito como chapa única, conquistou o direito de coordenar o C.A. e iniciou assim um projeto de reconstrução do movimento estudantil de História.

     Aquela primeira gestão cumpriu com sucesso todas as propostas a que se dispôs. Numa entidade em reconstrução, a simples existência de um grupo organizado que possa responder por ela já supriria as expectativas para um primeiro ano. Mesmo assim, o grupo atuou de forma bastante incisiva e consciente em importantes discussões que se processavam na sociedade brasileira, como por exemplo, a eleição presidencial de 2002, a ALCA e a política de ações-afirmativas para negros nas Universidades.

     Não obstante a inexperiência, aquela gestão foi conquistando respeito frente aos estudantes e credibilidade suficiente para enfrentar o maior desafio para um curso em fase de amadurecimento: aprovar o estatuto do Centro Acadêmico, algo fundamental para qualquer entidade. Para conseguir tal objetivo, foi formada uma Comissão Gestora (2003/2004) tirada em assembléia por auto-indicação que após nove meses (um verdadeiro parto) de assembléias, debates, brigas e discussões teve seu esforço recompensado com um dos mais avançados estatutos do Movimento Estudantil da Ufba e que ainda hoje é referência para CA’s e DA’s de todo país.

     Em 2004, chegava a hora de mais um processo eleitoral. Agora não mais uma chapa única, dessa vez dois projetos iriam se confrontar nas eleições. E o resultado não poderia ser mais disputado, 49x46, mostrando como os discentes de história estavam cada vez mais amadurecidos e seriam mais criteriosos nas suas escolhas. Nessa gestão, ocorrida em um ambiente de discussões políticas mais acirradas, o grupo sempre esteve presente em questões chaves da UFBA. As discussões e a aprovação da política de cotas e a greve de estudantes e professores foram alguns dos principais temas que movimentaram o grupo nesse período. Além disso, o grupo consolidava, neste momento, uma nova forma de fazer política estudantil , valorizando o diálogo, o combate ao vanguardismo e fortalecendo lutas para tornar a universidade muito mais aberta às pluralidades presentes em nossa sociedade.

     Depois dessa segunda gestão que atravessou uma série de greves, o nosso calendário ficou comprometido, por conta disso, outra comissão gestora, no primeiro semestre de 2005 foi necessária para a reorganização do calendário. A partir desse momento iniciara uma nova fase no grupo “Atitude e Resistência”. Aqueles “dinossauros” que construíram o grupo estavam prestes a se formar, e assim uma renovação do grupo foi necessária. E dessa forma aconteceu, com uma chapa recheada de novos nomes, o “Atitude e Resistência” entrou na disputa, apresentou um programa sério aos estudantes e assim foi eleito por ampla vantagem de votos (88 a 40). O resultado desse processo repercutiu decisivamente no caminho tomado pelos campos do movimento estudantil no curso.

     Alguns militantes que tradicionalmente compunham a oposição ao Centro Acadêmico, hoje já não atuam mais. Certamente outras pessoas aparecerão, contudo seria impossível pensar numa reprodução dos mesmos equívocos cometidos durante todo o ano de 2005. Ao menos um programa de gestão mais trabalhado e um tanto de coerência nos posicionamentos são o mínimo que os estudantes de História merecem desta vez.

ATUAL CONJUNTURA DO CURSO

    O ano de 2006 tem tudo para ser um dos mais interessantes da história recente do ME de História. Mas certamente esse movimento tão dinâmico não foi construído por acaso. Ele é conseqüência de um conjunto de fatores que convergiram nesse momento e apontam para uma maior politização do curso.

     Vale lembrar que nesse ano teremos eleições para Presidente. Sem dúvida, período eleitoral aquece ainda mais o debate nos movimentos sociais. Sobretudo quando a esquerda se divide e apresenta duas chapas para eleição majoritária . Talvez em 2002 a conjuntura fosse diferente, a eleição de Lula derrotando oito anos de governo FHC apontava para um caminho mais fácil para a esquerda . Alguns certamente viam tal situação como um caminho sem volta, enfim estaria em vigor um projeto de esquerda. Mas isso ainda não aconteceu, tornando 2006 um ano ainda mais capital para a esquerda socialista.

     Outro fator significante foi a entrada dos alunos cotistas. A nossa universidade deu um passo definitivo quando aprovou o sistema de cotas. Todos os debates sobre assistência estudantil, inclusão de negros e negras na sociedade, nos ofereceram uma universidade mais responsável ou na necessidade de sê-lo. Em História , a presença desses estudantes só favoreceu ao movimento. Esse dado é importante para lembrarmos o quanto os departamentos CA’s e DCE’s devem estar atentos para a alteração no corpo estudantil da UFBA, que devem mais do que nunca, agir numa perspectiva de mudança social.

     Com o intuito de atender as expectativas dos estudantes de História que o “Atitude e Resistência” decidiu por lançar esse conjunto de documentos expondo o que acreditamos por movimento estudantil e de que forma temos atuado no M.E. de história enquanto Coordenação Executiva do Centro Acadêmico ou comissão gestora. Acreditamos que a forma de condução da nossa política, contribuiu para essa interessante conjuntura no curso. Sempre optamos por colocar diversas forças nas mesas que realizamos, estabelecemos discussões importantes nos jornais e ocupando o maior número de espaços que uma entidade de base pode ocupar, dessa forma ampliando nossa esfera de atuação para responder devidamente a nova dinâmica do movimento. Dessa forma, nossa luta tem sido por uma participação massiva e com qualidade dos estudantes. Não confiaremos mais nos discursos iluminados revolucionários, não somos porta-voz de ninguém, nem queremos base para supermilitantes; acreditamos nas bandeiras de luta conjuntas e, nas divergências, a disputa aprofundada de idéias e programas.

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